26.6.05
Pride
Hoje, para variar, não vou falar de políticos, nem de pessoas que aparecem na televisão e não vou estar para aqui a formular teorias absurdas sobre assuntos do dia e tentar impingi-los a leitores incautos. Não. Hoje, vou falar de mim. Para ser mais específico, vou falar das minhas preferências sexuais. Quase consigo imaginar amigos e conhecidos a lerem estas linhas e a deixar cair o queixo no chão de espanto. Receio até que muitos cortem relações comigo depois de saberem desta minha “diferença” que deveria ser pequena e insignificante mas que, por preconceitos que nos são impostos pela sociedade desde que nascemos, acaba por significar muito. De qualquer forma, é tarde demais para voltar atrás e estou farto de carregar este segredo às costas. Mais vale assumir de uma vez por todas e seja o que Deus quiser. Pelo menos, “saio do armário”, como se costuma dizer, e posso finalmente respirar de alívio depois destes anos todos.
Cá vai disto.
Respirar fundo.
Caros leitores, amigos, colegas e afins… eu…
É mais difícil do que esperava. Mas tem mesmo de ser.
Eu… gosto de mulheres com mamas grandes.
Pronto. Já está. Se calhar, deveria ter dito as coisas de maneira mais delicada. Poderia ter dito que sou megalomamófilo, termo que confere um ar mais científico à coisa, mas achei que não valia a pena estar com rodeios e era melhor ser directo e chamar as coisas pelos nomes.
Muita gente achará que, por se tratar de uma preferência sexual, uma particularidade íntima minha (“íntima mona” talvez fosse mais apropriado à situação, passe a piadinha infantil), não havia necessidade de a tornar pública mas não é assim. Trata-se de uma preferência sexual que traz consigo um estigma. Os megalomamófilos são discriminados pela sociedade e, para combater essa discriminação, compreende-se que seja necessária a coragem de assumir a diferença, fazendo ver que somos pessoas normais, apesar de tudo.
E é dramático. Ter de esconder de toda a gente que, em termos mamários, preferimos as medidas grandes. Ter de suportar teorias que explicam que não há motivo para tanto alarido porque os seios (é assim que lhes chamam os entendidos) são só aglomerados de tecido adiposo, rodeando glândulas produtoras de leite que permitem alimentar os recém-nascidos, como acontece com as fêmeas dos outros mamíferos e ainda que as formas divirjam. Que, fora isso, são só atributos sexuais secundários (Secundários!!! Custa tanto ouvir isto), que não há motivo nenhum para olhar para as grandes e para as pequenas de forma diferente, que os tamanhos maiores trazem problemas de coluna e de gravidade, que isto e que aquilo. A tudo dizemos que sim com o medo de sermos descobertos. Ouvimos as piadas que contam (Sabem aquela dos dois megalomamófilos que vão comprar melões?) e somos os que rimos mais alto para ninguém dar pela vontade que temos de chorar. E, quando somos descobertos, vêm os comentários de cada vez que voltamos as costas e os insultos descarados na rua “Lá vai o mamalhista!), as amizades destruídas, os parentescos renegados, as crises e até os despedimentos.
Por tudo isto, é necessário engolir os medos e assumir, mantendo o queixo bem levantado. Dizer a toda a gente que sim, que gostamos de mamas grandes e que, não só não temos qualquer problema em assumi-lo, como temos orgulho nisso. É esta a atitude que também eu preciso de tomar a partir de hoje. Só assim conseguiremos todos, a comunidade megalomamófila, conquistar a aceitação e a igualdade de direitos. Só assim, conseguiremos unir esforços para combater a praga que afecta milhões de megalomamófilos em todo o mundo: os implantes de silicone. Talvez um dia consigamos até o que já é realidade noutros países. O direito de adoptar crianças sem receios de que a paternidade megalomamófila desperte tendências semelhantes na criança e a force a achar que uma mama do tamanho de uma maçã reineta é bonita mas se tiver o tamanho de uma meloa é perfeita.
Mas não me fico por aqui. Levo a minha militância ainda mais longe. Estou a pensar fundar um movimento que defenda os direitos dos megalomamófilos portugueses. E, se correr bem, posso alargar a coisa a outros grupos igualmente discriminados de gente com preferências mamárias alternativas como os maximegalomamófilos ou os micromamófilos, por exemplo.
E faremos desfiles e arraiais. Gritaremos palavras de ordem. Em vez de nos comportarmos como pessoas normais que somos, não assustando gente de ideias menos arejadas, vamos esforçar-nos por chocar. Faremos figuras tristes. Usaremos chapéus com grandes mamas de esponja dos lados e soutiens de copa D enrolados à volta do pescoço à laia de cachecol. Dançaremos freneticamente ao som de Fafá de Belém.
Porque tudo isto faz parte do orgulho megalomamófilo. E quem achar que é folclórico, desnecessário ou mesmo disparatado é um sacana preconceituoso.
Hoje, para variar, não vou falar de políticos, nem de pessoas que aparecem na televisão e não vou estar para aqui a formular teorias absurdas sobre assuntos do dia e tentar impingi-los a leitores incautos. Não. Hoje, vou falar de mim. Para ser mais específico, vou falar das minhas preferências sexuais. Quase consigo imaginar amigos e conhecidos a lerem estas linhas e a deixar cair o queixo no chão de espanto. Receio até que muitos cortem relações comigo depois de saberem desta minha “diferença” que deveria ser pequena e insignificante mas que, por preconceitos que nos são impostos pela sociedade desde que nascemos, acaba por significar muito. De qualquer forma, é tarde demais para voltar atrás e estou farto de carregar este segredo às costas. Mais vale assumir de uma vez por todas e seja o que Deus quiser. Pelo menos, “saio do armário”, como se costuma dizer, e posso finalmente respirar de alívio depois destes anos todos.
Cá vai disto.
Respirar fundo.
Caros leitores, amigos, colegas e afins… eu…
É mais difícil do que esperava. Mas tem mesmo de ser.
Eu… gosto de mulheres com mamas grandes.
Pronto. Já está. Se calhar, deveria ter dito as coisas de maneira mais delicada. Poderia ter dito que sou megalomamófilo, termo que confere um ar mais científico à coisa, mas achei que não valia a pena estar com rodeios e era melhor ser directo e chamar as coisas pelos nomes.
Muita gente achará que, por se tratar de uma preferência sexual, uma particularidade íntima minha (“íntima mona” talvez fosse mais apropriado à situação, passe a piadinha infantil), não havia necessidade de a tornar pública mas não é assim. Trata-se de uma preferência sexual que traz consigo um estigma. Os megalomamófilos são discriminados pela sociedade e, para combater essa discriminação, compreende-se que seja necessária a coragem de assumir a diferença, fazendo ver que somos pessoas normais, apesar de tudo.
E é dramático. Ter de esconder de toda a gente que, em termos mamários, preferimos as medidas grandes. Ter de suportar teorias que explicam que não há motivo para tanto alarido porque os seios (é assim que lhes chamam os entendidos) são só aglomerados de tecido adiposo, rodeando glândulas produtoras de leite que permitem alimentar os recém-nascidos, como acontece com as fêmeas dos outros mamíferos e ainda que as formas divirjam. Que, fora isso, são só atributos sexuais secundários (Secundários!!! Custa tanto ouvir isto), que não há motivo nenhum para olhar para as grandes e para as pequenas de forma diferente, que os tamanhos maiores trazem problemas de coluna e de gravidade, que isto e que aquilo. A tudo dizemos que sim com o medo de sermos descobertos. Ouvimos as piadas que contam (Sabem aquela dos dois megalomamófilos que vão comprar melões?) e somos os que rimos mais alto para ninguém dar pela vontade que temos de chorar. E, quando somos descobertos, vêm os comentários de cada vez que voltamos as costas e os insultos descarados na rua “Lá vai o mamalhista!), as amizades destruídas, os parentescos renegados, as crises e até os despedimentos.
Por tudo isto, é necessário engolir os medos e assumir, mantendo o queixo bem levantado. Dizer a toda a gente que sim, que gostamos de mamas grandes e que, não só não temos qualquer problema em assumi-lo, como temos orgulho nisso. É esta a atitude que também eu preciso de tomar a partir de hoje. Só assim conseguiremos todos, a comunidade megalomamófila, conquistar a aceitação e a igualdade de direitos. Só assim, conseguiremos unir esforços para combater a praga que afecta milhões de megalomamófilos em todo o mundo: os implantes de silicone. Talvez um dia consigamos até o que já é realidade noutros países. O direito de adoptar crianças sem receios de que a paternidade megalomamófila desperte tendências semelhantes na criança e a force a achar que uma mama do tamanho de uma maçã reineta é bonita mas se tiver o tamanho de uma meloa é perfeita.
Mas não me fico por aqui. Levo a minha militância ainda mais longe. Estou a pensar fundar um movimento que defenda os direitos dos megalomamófilos portugueses. E, se correr bem, posso alargar a coisa a outros grupos igualmente discriminados de gente com preferências mamárias alternativas como os maximegalomamófilos ou os micromamófilos, por exemplo.
E faremos desfiles e arraiais. Gritaremos palavras de ordem. Em vez de nos comportarmos como pessoas normais que somos, não assustando gente de ideias menos arejadas, vamos esforçar-nos por chocar. Faremos figuras tristes. Usaremos chapéus com grandes mamas de esponja dos lados e soutiens de copa D enrolados à volta do pescoço à laia de cachecol. Dançaremos freneticamente ao som de Fafá de Belém.
Porque tudo isto faz parte do orgulho megalomamófilo. E quem achar que é folclórico, desnecessário ou mesmo disparatado é um sacana preconceituoso.